quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Precursor do skate moderno do RJ, rapper Black Alien fala das raízes

                                          Gustavo Ribeiro, o Black Alien
                                          Foto: Sidney Arakaki




Há 17 anos o skatista Gustavo Ribeiro largou o sonho de se profissionalizar para se tornar um dos MCs mais reconhecidos do Brasil com o Planet Hemp. Nascido em São Gonçalo, residente quase a vida toda em Niterói, cidade com uma arquitetura que instiga a andar nas obras de Oscar Niemeyer, como todo adolescente que começa a acertar manobras, Black Alien, que na época era conhecido como Gustavo Negão, alimentava a vontade de viver do skate. E ele realmente tinha potencial. Suas manobras acertadas há duas décadas continuam a ser lembradas nas sessões da atualidade, como os flips backside tailslides, que foi um dos primeiros a acertar no Rio de Janeiro.

Numa manhã nublada e abafada de dezembro, quando estava rolando uma sessão de skate com Fabio Cristiano, Cezar Gordo, Rodrigo Gerdal, Rafael Finha e Fernando Java na praça ao lado da estação das barcas que ligam ao Rio de Janeiro, Gustavo surgiu. Não perdi a oportunidade e o convidei para uma entrevista. Mal liguei a câmera e ele disparou a falar…

Estou orgulhoso e feliz de alguns dos meus ídolos estarem andando aqui. No meu quintal, basicamente. São praticamente super-heróis para mim, porque, quando eu era jovem, a partir dos 13 anos, eu tinha pretenção de ser profissional de skate. Andar de skate para viver mesmo. Mas era uma época “meio osso”. Um pouquinho pior. Um pouquinho, entre aspas, do que é agora. A gente nem era reconhecido como profissional no Brasil. As coisas mudaram, a gente soube que iam mudar. Mas em algum ponto da minha história o sonho foi para um outro lado, porque, aconteceu de eu escrever algumas letras e calhar das pessoas gostarem. Aí foi indo, foi indo, e acabou que eu virei profissional fazendo música. Mas basicamente, a música também é um sonho, que eu não tinha pretenções, mas qualquer jovem ia gostar de subir num palco, ganhar um dinheiro, viajar, fazer sucesso, etc, etc, etc. Eu acabei, realmente, largando um sonho básico mas essencial, e vivendo outro que caiu basicamente na minha mão. E depois de um tempo, no rock n`roll, passando mais de uma década, o rock n`roll não está fazendo muito bem para o meu fígado. Então eu pretendo voltar a andar de skate durante um tempo, ganhando dinheiro ou não, mas eu prefiro ficar mais saudável, voltar pra minha essência e usar a cidade como a gente gosta, né? Aproveitar, tirar a diversão de qualquer lugar, de qualquer arquitetura, qualquer cimento. Usar a cidade como um playground, se divertir. E viver também. Pagar o aluguel. Acho isso uma onda. Pride

Fonte: ESPN Brasil

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