Esta semana, o skatista Rafael Mascarenhas morreu atropelado em um túnel na Zona Sul do Rio. Por que será que é tão difícil praticar esse esporte com segurança nas metrópoles brasileiras?
Rafael participava do Geleia do Rock, um reality no canal a cabo Multishow. O guitarrista levava a música a sério, desde os tempos de colégio.
Além de tocar, ele se divertia no mar e no asfalto do Rio de Janeiro. “E o Rafael sempre estava lá com a gente, sempre surfando, sempre alegre, sempre humilde”, conta o estudante Gustavo Cegalla.
“Skate sempre foi uma prática comum para a galera do bairro”.
A modalidade de Rafael era o downhill, que significa ladeira abaixo. “Quando não tem onda, pega o skate, desce uma ladeira”.
Foi justamente por falta de ondas em alguns dias, que o skate surgiu nos anos 50 do século passado no sul da Califórnia.
Na década de 70, quando a Califórnia enfrentou a pior seca da história, o skate explodiu. Nas mansões de Los Angeles, centenas de piscinas vazias ficaram cheias de skatistas.
Ainda hoje, buscar a pista ideal ainda é o desafio de qualquer skatista. “Aproveitar cada coisa que a cidade tem para te oferecer, com manobras de skate. Não necessariamente radicalizar, andar no meio de carros para sentir uma grande adrenalina”, declara o skatista profissional Klaus Bohms.
No Rio de Janeiro, a violência impõe limites. “Tem muita pista que fica abandonada no meio do nada. Andar lá à noite, ou você vai ser assaltado ou não vai conseguir andar lá. Aqui no Rio é muito difícil ter um lugar só de skate”, reclamam os amigos de Rafael.
No mesmo espírito dos pioneiros americanos, os cariocas descobriram os túneis fechados para manutenção, a pista perfeita.
“Principalmente agora que asfaltaram o túnel, então está lisinho. O túnel é uma ladeirinha, então você pega um skate maior, você vai brincando, parecendo que você está no mar, surfando mesmo. Pra mim, uma pista que estava fechada para o tráfego era um motivo a mais pra gente andar nela, porque a gente pensava que pista fechada era muito mais seguro que uma pista aberta”, contam o skatistas.
Até Dirceu Rodrigues Alves, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, concorda. “Se vai fazer manutenção no túnel, ótimo. Avisa para a garotada para aproveitar este espaço que é o momento, porque está seguro ali”.
São Paulo é a cidade brasileira com maior número de pistas oficiais para a prática do skate, apesar de lugares ficarem lotados praticamente o ano inteiro, o que a maioria dos skatistas gosta mesmo é de andar na rua.
“Eu pratico a modalidade downhill, então precisa descer umas ladeiras, tem que ter a velocidade, tem que ter uma ladeira para ter um desempenho melhor”, explica o skatista Luciano PT.
Três ídolos do skate também preferem a rua para a prática do downhill.
“Todo skatista, todo cara que anda de skate, ia colocar o skate no chão para andar, quando você vê um lugar que está seguro, está interditado”, opina Geninho.
Correr riscos incalculáveis não é a deles. Para quem anda de skate, o que vale é superar dificuldades. “Às vezes mudam os desafios, às vezes não são coisas grandes, às vezes são coisas mais técnicas e, às vezes, é só diversão”, diz Lucas Xaparral.
E äs vezes é só para se divertir, como Rafael ia fazer ao procurar túneis interditados, mesmo que o controle de tráfego não permitisse a prática de skate ali.
“Ele foi buscar a coisa que era mais segura, infelizmente a imprudência de uma outra pessoa encontrou ele ali naquele momento”, declarou Klaus Bohms.
Skate, música e mar. Os amigos chegam aos poucos para um tributo bem ao estilo de Rafael: alegre, descontraído.
Fonte: NEWSSKATE
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