quinta-feira, 17 de março de 2011

Revista 100% entrevista Eduardo Dias


Nesta semana, começamos a série de entrevistas com pessoas que foram importantes para a formação de uma das mais importantes marcas da história do skate nacional, a Drop Dead. Em conjunto com a CemporcentoSKATE # 26 (nas bancas), que traz a matéria com a história desta conceituada e genuína marca de skate brasileiro, começamos entrevistando o fundador da Drop Dead, Eduardo Dias. Confira abaixo a entrevista produzida por Rodrigo K-b-ça.

Poucas marcas de Skate no Brasil conseguem chegar aos 20 anos de existência. Eduardo Dias, fundador da Drop Dead, é o responsável pela história marcante da Drop, fundamental para a pavimentação do mercado nacional de Skate. Um skatista de verdade comandando uma marca de Skate de verdade!


O que te levou a criar a marca?

Quando meu irmão decidiu morar em Floripa e meu amigo Adriano resolveu mudar para Nova York, me vi sozinho. Os dois gostavam de skate e surf e eu só de skate (na época). Meu pai vendeu o único patrimônio da família em São Paulo, uma loja, e dividiu a grana com os filhos. Estava sozinho com uma graninha de um champ que havia organizado na pista do Gaúcho, além dessa ajuda da família. Pensei: “Agora vou montar uma marca só de skate.” A principio eu queria montar uma pista, mas como já trabalhava em uma loja de confecção, como estoquista, fazia um curso técnico de contabilidade à noite e minha mãe montou uma pequena serigrafia nos fundos de casa, decidi montar uma marca. Já tinha os clientes da serigrafia e comecei a conhecer várias fábricas de confecção. Foi mais ou menos assim...

Por que o nome Drop Dead?

Peguei um livrinho de expressões idiomáticas britânicas e escolhi alguns nomes. Fiz uma pesquisa com os meus amigos para saber que nomes eles gostavam mais. Eu já queria “Drop Dead”, então ficava colocando pilha para escolherem esse! Aí já viu, Foi esse mesmo! Manobra da morte... Era uma das traduções que me chamou mais atenção.

Como um grupo de skatistas, sem grana, consegue fundar uma marca de skate?

Correndo atrás. Temos vários exemplos, inclusive nos dias de hoje, tanto de marcas como de lojas. Acho que isso não mudou muito, porém está cada vez mais difícil, ainda mais com a entrada das marcas gringas no mercado.

A Drop sempre tentou desenvolver tecnologias e inovar no design de seus produtos, confiando o trabalho à skatistas. A idéia de trabalhar com skatistas era como uma filosofia ou apenas aconteceu?

Aconteceu, porque eu sempre estava no meio. Todos meus amigos eram skatistas e não tinha essa exigência dos dias de hoje... Era mais fácil. Lembro que fui em um evento em Londrina, o “Taça Londrina de Skate”. Vi aquele campeonato e chamei o Marcelo para ir trabalhar comigo. Foi sempre assim, mas também passou a ser uma filosofia, de certa forma.

A Drop foi a primeira grande marca de skate que não era de SP. Acha que isso influenciou skatistas de outras partes do Brasil a começarem suas marcas?

Não sei, mas acho que mostramos que era possível. Muita gente achava que a marca era gringa. Até hoje, às vezes, escuto isso.

Qual a importância das marcas irmãs (Child, Sista, etc) para a Drop Dead? A Drop foi a primeira a fazer isso no Brasil?

Quando começamos a montar as lojas, precisávamos de mais marcas. Como as marcas de São Paulo eram bem mais caras, começamos a montar nossas próprias marcas... Foi meio por aí... Hoje dá um trabalho. Acho que fomos os primeiros. Não me lembro de outras marcas que tinham mais de uma marca.

Quando surgiu a necessidade da marca ter sua própria pista?

A pista era o primeiro plano. Quando tivemos a chance de montar, foi como realizar um sonho de moleque. Todo moleque tem esse sonho de ter sua própria pista, acho que até hoje em dia... Foi muito foda manter as portas abertas todos esses anos com muito pouca ajuda. Sempre defendi internamente a pista, e justificava as despesas no retorno de marketing e de imagem que a pista deu e dá até hoje. Hoje já é mais estável. Com o trabalho do Sal a pista se paga. Devo muito ao Sal e a Cris por ter a pista aberta até hoje.

Qual foi o maior acerto e o maior erro da Drop Dead nesses quase 20 anos?

Acho que é sempre mais fácil falar dos acertos e, com certeza, o maior foi sempre andar junto com o Skate. Estamos fazendo vinte anos andando junto, sempre! Com a pista, a fábrica de shapes, investimentos em eventos, skatistas, música... Ou seja, sempre SKATE! O nosso erro foi que ficamos grandes muito rápido, com pouco controle e muita aventura.

Hoje, mais que uma equipe, a Drop Dead tem uma família. Como se define quem pode fazer parte dessa família?

Acho que, primeiro de tudo, por ser uma empresa familiar, sempre trabalhamos juntos e todos em prol do skate de uma forma ou de outra. Meus pais, meus irmãos, principalmente o Adriano, que sempre esteve junto, minha esposa Andrea, minha família mesmo... Não existe uma regra... Amizade precisa ser cultivada, não se compra, tem que ser franca, tem que ter amor. O resto é natural, com isso fizemos muitos amigos. Nunca tive uma relação de patrão e empregado. Sempre foi de amizade, Tenho muitos amigos que ainda trabalham aqui: Carla, Jesus (e seus comparsas), Fuba, Beto, Alberto e muitos outros. Agora em Florianópolis, estou vivendo uma fase nova com amigos novos no RTMF. Isso está sendo muito bom.


Fonte: Revistacemporcento

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